O Museu Municipal de Penafiel assinala, este ano, o 75.º aniversário. Uma idade “redonda” e um verdadeiro marco. Os 75 anos de edifício, que conta com “uma longa e incrível história”, foram o mote para uma entrevista com a vereadora da cultura da Câmara Municipal de Penafiel, Daniela Oliveira, que falou com o Terras do Vale do Sousa (TVS), não só sobre o aniversário, mas também sobre a cultura no município penafidelense.
Atualmente, o edifício do Museu Municipal de Penafiel ocupa já a terceira casa, na Rua do Paço, em Penafiel, para onde se mudou definitivamente desde 2009. O atual edifício do Museu Municipal está situado junto do Largo da Ajuda, onde ainda hoje existe a farmácia que foi propriedade do mentor e impulsionador, Abílio Miranda, farmacêutico de profissão, “que trocava muitas vezes medicamentos por peças de valor histórico e arqueológico, conseguindo assim juntar um considerável espólio que mais tarde daria origem ao acervo inicial do Museu”, conta a vereadora Daniela Oliveira.
A responsável pelo pelouro da cultura não tem dúvidas sobre a importância dos 75 anos para o Museu e para a própria cidade
“O nosso Museu continua a destacar-se no panorama cultural de Penafiel e da região. Um espaço de excelência e com um espólio e uma riqueza imensurável. O ano de 2009 foi um ano importante para a afirmação deste polo cultural e o início de uma nova era com as novas e modernas instalações. Os penafidelenses gostam e valorizam o que é deles e o Museu não é exceção”, explica Daniela Oliveira.
Por isso mesmo as comemorações do 75.º aniversário já começaram, mas vão manter-se. A vereadora relatou o que está a ser preparado.
“Preparámos um programa com vários eventos, todos com entrada livre, dedicado aos 75 anos do nosso Museu. Uma data importante e cheia de boas recordações. Mais eventos irão surgir no âmbito das comemorações durante todo o ano”.
Em 2010, o Museu Municipal de Penafiel foi distinguido com o Prémio de Melhor Museu Português. Um galardão de grande responsabilidade, mas “obriga” a manter a exigência e rigor na qualidade do serviço prestado e, sobretudo, na atratividade para receber os visitantes diariamente.
“Desde a abertura nas novas instalações, a 24 de março de 2009, já passaram pelo Museu Municipal cerca de 200 mil visitantes. Números que comprovam a qualidade e o interesse de quem o visita”, reconhece a autarca penafidelense. E acrescenta: “O Museu Municipal de Penafiel é um espaço de referência cultural que alia a história e o património, de mão dada com a modernidade e as novas tecnologias, preservando a identidade do concelho. Conta com 5 salas temáticas dedicadas à Identidade, Território, Arqueologia, Ofícios e à Terra e Água. O Museu é ainda composto por 4 núcleos museológicos – Castro do Monte Mozinho, Moinho da Ponte de Novelas, Engenho de Sebolido e a Aldeia de Quintandona. De facto, uma referência na região”, conclui.
A cultura em Penafiel
O Museu Municipal de Penafiel é um monumento ímpar na cultura da cidade de Penafiel, mas não é o único.
“Penafiel tem sabido ao longo do tempo construir, defender, e posicionar a identidade cultural de uma forma muito especial. Na verdade, a cultura está intimamente ligada ao que somos como povo, mas é também um fator e um elemento de desenvolvimento de uma comunidade. Penafiel é hoje um território reconhecido por todos como sendo um ‘palco’ vivo de grandes eventos e iniciativas, sem esquecer os equipamentos culturais que coloca ao serviço dos Penafidelenses, e não só. Temos tido a capacidade de criar e promover iniciativas quer a nível concelhio, regional, mas também à escala nacional e até internacional”, defende Daniela Oliveira.
De entre algumas das atividades culturais do concelho penafidelense destaca-se o São Martinho, o Corpo de Deus, as Endoenças, a Escritaria, a Agrival, entre outras.
Para se preparam todas estas atividades culturais e outras, que decorrem ao longo do ano, é importante envolver a população penafidelense.
“A proximidade com a comunidade permite uma maior envolvência em vários tipos de eventos que organizamos ao longo do ano. Felizmente temos uma excelente relação com as nossas associações culturais, e isso é muito importante” defende a responsável pelo pelouro cultural. Daniela Oliveira não tem dúvida de que “Penafiel e a cultura estão de mãos dadas, ao serviço das nossas gentes e para levar mais longe o orgulho que temos na nossa terra. Os penafidelenses interessam-se pela cultura e a sua participação nos eventos é notória”.
Ainda assim, sendo a cultura um dos “nossos patrimónios”, esta ocupa apenas 2,0% da despesa discricionária do Estado, ou seja, do valor que lhe é atribuído no Programa Orçamental da Cultura. A vereadora assume a irrelevância atribuída ao setor no Orçamento do Estado.
“Entendo que o valor que o estado dedica à cultura é irrisório. É necessário repensar a forma como o país olha para o sector da cultura. Um maior investimento poderá representar mais acesso e maior abrangência”.
Apesar da pouca importância dada ao setor no Programa Orçamental do Estado, que “tem como horizonte atingir os 2,5% até ao final da legislatura”, é possível estabelecer-se uma agradável simbiose entre este e o do turismo.
“Sim, é possível. A título de exemplo, percorrendo o território penafidelense, é possível visitar vários equipamentos culturais de relevo. O Centro de Interpretação da Escultura Românica, em Abragão, conta com um espólio riquíssimo ao nível da arte românica. Na Aldeia de Quintandona é possível “entrar” no Centro Interpretativo e Centro Cultural Casa do Xiné e conhecer as histórias das gentes de Lagares e Figueira e sentir os cheiros e sabores desta Aldeia mágica. O Centro Interpretativo do Castro de Monte Mozinho cruza a tradição castreja e a romanidade. Estes são alguns exemplos dos vários equipamentos municipais à disposição da comunidade no concelho”.
Para o futuro, o município vai contar com várias iniciativas culturais.
“Penafiel vai continuar a apostar na cultura, como tem vindo a fazer. A título de exemplo, vamos inaugurar brevemente o “Ponto C – Cultura e Criatividade”, um espaço cultural singular com condições para acolher o melhor da criação artística do país e do mundo, com vários espaços diversificados e com capacidade para 400 pessoas. Nas imediações, haverá um anfiteatro natural, capaz de acolher diversos eventos culturais, artísticos e recreativos, realizados ao ar livre. O Ponto C junta-se assim a um conjunto de equipamentos culturais de excelência”, concluiu Daniela Oliveira.
O município penafidelense continuará a contar com vários eventos que terão como objetivo fomentar a cultura no concelho.