22 novembro 2024, 02:30
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    Nova fábrica de calçado vai investir 5 milhões em Lousada

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    A AMF Safety Shoes é um grupo de produção de calçado técnico, fundado em 1999, e líder no setor do calçado técnico em Portugal. A marca mais conhecida do grupo é TOWORKFOR e está presente em cerca de 30 mercados da Europa, também nos Estados Unidos, Canadá e África. Tem a sede localizada em Guimarães, onde trabalham 150 pessoas. Em 2015, o grupo fez a aquisição ALOFT que é uma outra empresa que se liga à produção de solas técnicas, cuja sede se estabelece em Vila do Conde. Em Canidelo, a empresa funciona há 8 anos e nela trabalham 130 pessoas.

    Mas, neste momento, a AMF Safety Shoes precisa de mais investimento e, decidiu ampliá-lo para Lousada. O CEO da empresa, Albano Fernandes, deu uma entrevista ao Terras do Vale do Sousa (TVS), onde explicou quais os motivos para o investimento no concelho lousadense.

    “Precisamos de crescer, mais do que duplicar a área de produto que temos, precisamos de duplicar a logística. Surgiu a possibilidade de apostar Lousada, nas instalações da antiga Sioux, que é uma antiga fábrica de calçado, a quem também vendíamos solas e cujas instalações foram adquiridas por nós”.

    O novo centro de logística vai assim “nascer” nas instalações da antiga fábrica lousadense Sioux, na freguesia de Boim.

    “Gostamos do sítio por várias razões. Para além de, numa primeira visão, não podermos estar a mais de 30 minutos da sede, portanto Lousada encaixa-se nesse perfil; tem a vantagem estratégica da utilização entre Porto e Guimarães com acessos muito bons; por outro lado, é um concelho jovem e dinâmico, onde vive muita gente e existem muitas pessoas na indústria e com vocação para trabalhar nesta área”, enumerou Albano Fernandes. Acrescentando ainda “estamos confortáveis com a decisão que tomámos, parece-nos que é uma decisão que faz sentido para nós neste enquadramento de querermos crescer. Nesse sentido, o objetivo passa por deslocar os próximos investimentos, que deixarão de acontecer em Guimarães e vão começar a acontecer em Lousada. Os próximos 3 anos são anos de forte investimento nessa fábrica, em Lousada”.

    A AMF Safety Shoes produz, essencialmente, para empresas industriais com coleções vocacionadas para o outdoor, mas também para a indústria alimentar, bombeiros, trabalhadores com motosserras, florestas, eletricistas, entre outros. O facto de ter uma componente têxtil foi também um dos motivos para apostar na vila lousadense.

    “Estamos a abrir uma secção têxtil dentro da empresa e, portanto, também faz sentido estar próximo de quem sabe de confeção e de quem sabe trabalhar em têxtil e Lousada, em particular, é uma área da confeção, por isso, é mais uma razão que nos faz ficar e investir no concelho”, esclarece o CEO.

    A AMF Safety Shoes foi o primeiro fabricante europeu de calçado de segurança a adotar uma abordagem inspirada nas tendências do desporto e da moda. Produz mais de 2000 pares de sapatos por dia com um design e tecnologia muito próprios.

    “Os sapatos têm muito design de conforto e uma tecnologia avançada, não é uma bota de proteção, uma bota preta pura e dura, nem a chamada bota de biqueira de aço. São botas mais leves e mais confortáveis. O nosso foco é que o cliente possa usar 24h por dia, 7 dias por semana. É um calçado para proteger alguém numa determinada função e, por isso, nós estudamos a função e vamos tentar arranjar uma solução para os riscos inerentes para aquele trabalho. Temos, por isso, um valor que não está tão acessível a todas as empresas que queiram usar o nosso calçado. Quem compra calçado de proteção são empresas que se preocupam com os trabalhadores”, explica.

    Para ajudar ao melhoramento do produto, a equipa conta com a ajuda de uma pedologista.

    “A Fátima Carvalho é pedologista, tem um consultório na Aparecida, e tem-nos ajudado muito neste desenvolvimento e nos estudos que fazemos. Por exemplo, há muitas pessoas que não podem usar calçado de trabalho porque, por terem um problema qualquer no pé, acabam por ter uma prescrição médica que os impossibilita. Nos testes que fazemos, estas pessoas acabam por terem uma proteção feita por nós, por exemplo, uma palmilha específica para aquele problema”, esclarece.

    Albano Fernandes divulga ainda um novo projeto que está a ser desenvolvido na empresa. “Estamos a desenvolver um software, juntamente com um sapato sensorizado, que nos vai ajudar a dimensionar melhor as condições do posto de trabalho, em especial para logística ou para grandes armazéns de logística. Vamos poder ver as cargas que fizeram durante o dia, os saltos que deram, os passos que deram e aí vamos conseguir dimensionar se está de acordo com as diretivas comunitárias. O objetivo é prevenir as eventuais doenças por excesso de cargas”.

    Para se diferenciar nos mercados europeus, a AMF Safety Shoes move-se de “armas” como a investigação e inovação.

    Para além da conceção e produção de produtos, a AMF Safety Shoes contempla ainda a TOWORKFOR Academy, uma academia de formação com clientes estrangeiros e onde Lousada poderá ser também uma mais-valia.

    “Nós fazemos muitas formações aos nossos clientes, colaboradores e vendedores, criando uma academia, quer de portugueses, quer de estrangeiros. Por isso mesmo, precisamos de uma zona de acesso rápido como Lousada. Os acessos são excelentes. Lousada tem dos melhores acessos, aqui à volta, que conhecemos. É muito fácil e perto para chegar a qualquer sítio. A parte mais internacional começará a deslocar-se para Lousada”, assume Albano Fernandes.

    Quanto a números de investimento, o CEO da AMF Safety Shoes apresenta: “Temos previsto 3 anos ou 2 anos e meio, dependendo de quando conseguirmos ter o pavilhão pronto, de um investimento na ordem dos 5 milhões de euros de investimento para a nova unidade. Numa 1.ª fase, que é o nível mais urgente para nós, tem que ver com logística. Nós precisamos de uma área de logística muito forte, quer para matérias-primas, quer para o produto acabado, e depois para a têxtil, para a roupa. Lousada vai ser o centro de Logística da AMF e todo o abastecimento da fábrica de Guimarães vai ser feito pela fábrica de Lousada. Temos expectativa de que, no primeiro trimestre do próximo ano,
    vai estar em funcionamento, depende de algumas questões da construção do edifício, porque nós tivemos que reconstruir o edifício quase todo, mas estamos a ver com a engenharia qual é a melhor solução. A fase 2 tem que ver com a fase de apoio com a TOWORKFOR Academy com as condições para podermos receber os clientes e fornecedores, tem que ver com uma loja movível de vários produtos que nós queremos ter na área dos equipamentos de proteção individual com alguma virtualidade e dinamismo. O centro demonstrativo também será em Lousada”.

    Lousada vai ser uma extensão da AMF Safety Shoes.

    “A intenção é que os novos investimentos sejam todos feitos em Lousada, quer nas tecnologias de injeção tradicionais, quer numa nova tecnologia, que nós temos uma patente que é para produzir sapatos de forma diferente, de forma automatizada e muito robotizada. Portanto, as novas tecnologias deverão ser investidas em Lousada. Espero chegar ao final de 2025 com toda a fábrica a funcionar, a logística a 100% e a parte de tecnologias de injeção a funcionar também já em velocidade normal, pelo menos é o que nós esperamos. Estima-se que serão contratadas entre 25 a 30 pessoas, em Lousada, no mínimo”.

    Neste momento, o edifício encontra-se em fase de projeto, na seleção da equipa de arquitetura e engenharia e, apesar da fase “embrionária”, as perspetivas da mudança para Lousada são as melhores.

    “A AMF Safety Shoes tem crescido exponencialmente, neste ano, a marca própria viu as vendas duplicarem. No ano passado, o grupo faturou cerca de 30 milhões de euros e, com o projeto de Lousada, esperamos chegar aos 50 milhões”. Albano Fernandes mostra-se bastante otimista com a mudança para o concelho lousadense.

    “Nós estamos muito motivados e fizemos o nosso trabalho de casa. Falámos com proprietários de empresas de Lousada e olhámos aos números. Não sendo possível ficar em Guimarães, Lousada foi a melhor opção”.

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