Humberto Brito, presidente da Câmara Municipal de Paços de Ferreira, assinou, na passada quinta-feira, 28 de setembro, a saída do Fundo de Apoio Municipal (FAM) “da vida” do município que dirige. O FAM vigorava há seis anos, desde 2017, e deveria estender-se até 20 anos, mas o autarca conseguiu em meia dúzia de anos recuperar as contas da Câmara Municipal pacense. A recuperação financeira municipal realiza-se através de contrato celebrado entre o FAM e o município, por Programa de Ajustamento Municipal (PAM), cuja cessação foi agora assinada. O FAM é uma pessoa coletiva de direito público, dotada de autonomia administrativa e financeira, que tem por objeto a recuperação financeira dos municípios que se encontrem em situação de rutura financeira, como foi o caso da Câmara de Paços de Ferreira, quando em 2013, o partido socialista venceu o PSD (no poder há 37 anos) que governava esta autarquia em situação de absoluta rutura financeira.
Terras do Vale do Sousa (TVS) – O município de Paços de Ferreira libertou-se do FAM e recuperou a autonomia financeira. Que significado tem este dia para o município e para os munícipes?
Humberto Brito (HB) – É um dia de celebração para todos, que reflete a capacidade invulgar da nossa comunidade em ultrapassar dificuldades decorrentes de uma gestão municipal do PSD que nos levou à bancarrota. É, por isso, um dia histórico! É um dia, a partir do qual, o povo do concelho de Paços de Ferreira volta a ter o seu destino nas suas mãos!
TVS – A adesão ao FAM aconteceu em 2017 sob um período de 20 anos. No entanto, conseguiram “livrar-se” do Programa de Ajustamento Municipal, seis anos depois. Como foi possível uma diminuição tão grande ao nível temporal? E o que foi preciso fazer para que este tempo encurtasse tanto?
HB – Trabalho, muito trabalho, responsabilidade, seriedade e muito sacrifício. Foi preciso acreditar e convencer os colaboradores da Câmara Municipal de que não há impossíveis, como se referiu, generosamente, à minha pessoa, na sua intervenção pública, o senhor Presidente da Direção Executiva do FAM, Dr. Miguel Almeida. Quando aqui chegámos, em 2013, e encontramos uma situação financeira deveras muito complexa, tivemos de nos focar no essencial. Para as pessoas perceberem o descalabro, e a título de exemplo, era uma Câmara Municipal que não tinha dinheiro para comprar papel higiénico para as casas de banho. O essencial era poupar, atalhar caminho, cortar despesas, reorganizar serviços e valorizar os funcionários da Autarquia. Aliás, fizemos muitas e muitas obras por administração direta, com recurso aos nossos colaboradores. Quando não se tem dinheiro o ser humano é capaz de se superar.
“Em 2013, a Câmara Municipal não tinha dinheiro para comprar papel higiénico para as casas de banho”
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