A crescente dificuldade em garantir vagas para crianças nas creches e escolas públicas de Castelo de Paiva está a gerar preocupação entre as famílias locais. O aumento da população escolar, impulsionado também pela chegada de novos residentes, tem colocado pressão sobre as infraestruturas existentes, provocando sentimentos de frustração e desigualdade entre os habitantes de longa data.
Nos últimos meses, têm-se multiplicado os relatos de pais que, mesmo cumprindo todos os prazos e requisitos legais para matrícula, não conseguiram garantir lugar para os seus filhos em estabelecimentos públicos. A situação é particularmente sensível em casos que envolvem crianças com necessidades específicas, cujos direitos de prioridade, alegam os encarregados de educação, não estão a ser devidamente considerados.
Uma das causas apontadas por várias famílias locais é a mudança no perfil demográfico do concelho, com a chegada de um número crescente de famílias imigrantes. Muitos associam o atual modelo de atribuição de vagas, baseado em critérios sociais e escalões de rendimento, à exclusão de crianças de agregados familiares com rendimentos ligeiramente acima dos limiares definidos, mas que também enfrentam dificuldades económicas.
A ausência de respostas por parte das entidades responsáveis pela gestão da rede escolar local tem contribuído para o agravamento da tensão. Sem dados públicos atualizados sobre a capacidade das escolas, nem explicações claras sobre os critérios de seleção, cresce entre os residentes o sentimento de desconfiança e injustiça.
O caso de Castelo de Paiva reflete um desafio crescente em vários municípios de menor dimensão: garantir um equilíbrio justo entre o acolhimento de novas famílias e a salvaguarda do acesso equitativo à educação para todos os residentes. A situação poderá exigir uma reavaliação dos critérios de prioridade e um reforço da capacidade das escolas, de forma a responder de forma eficaz à nova realidade social do concelho.