Várias trabalhadoras da fábrica de confeções CostaCurta, em Boim, Lousada, estão em manifestação devido a pagamentos em atraso. Funcionárias de outra fábrica de confeções, Zenaide, em Penafiel, que tem a mesma entidade patronal, também estão em protesto pelos mesmos motivos.
As mulheres, que se têm reunido em frente à unidade fabril, referem-se a atrasos no salário de janeiro e alguns dias de fevereiro e ainda o pagamento de duodécimos referentes a novembro e dezembro de 2024 e janeiro e fevereiro de 2025.
Marina Silva, funcionária da empresa lousadense há dois anos, contou que em agosto de 2024 que a empresa “já mostrou algumas dificuldades financeiras”, tendo até, nessa altura, “deixado de pagar os duodécimos”, mas afirmou terem “aguentado” até outubro, mês em que, segundo a trabalhadora, lhes foi proposta para que a empresa fechasse ou, se preferissem, que fosse passada a outra pessoa.
“Nós achávamos por bem fechar, porque na nossa ideia passar a outra pessoa seria entregar-nos a quem não conhece, e nós tínhamos medo de seremos entregues a um testa de ferro, e ficar numa situação constrangedora, então decidimos dizer à nossa entidade patronal que preferíamos que fechasse”. Assim, foram para casa com a promessa de que a situação iria ser averiguada.
No entanto, a 29 de novembro as trabalhadoras recebem um e-mail a pedir que se dirigissem à empresa, pois esta tido sido vendida. “Sem nós sequer ter a mínima ideia”, começou por dizer Marina, “quando chegamos, deparámo-nos com um senhor que disse que tinha muito trabalho para nós, que dinheiro não faltava naquela empresa, que nunca iria faltar, que estávamos muito bem localizadas e tínhamos muita fama”. E, assim, regressaram.
O pagamento de novembro realmente chegou, assim como um duodécimo que estava em falta e que foi assumido pela nova entidade patronal. Porém, garantiu a trabalhadora, “em janeiro não recebemos, e como já estávamos com o advogado, então ele pediu para fazer a suspensão do contrato no dia 20 de janeiro”. E assim fizeram cerca de 60 funcionárias que, apesar disso, tiveram de cumprir o prazo legal, tendo trabalhado ainda alguns dias do mês de fevereiro.
No dia 11 de fevereiro, estas trabalhadoras receberam uma notificação para regressar ao trabalho, tendo sido informadas pela administração de que, nessa altura, seria pago o valor que faltava do salário de dezembro (que, entretanto, já tinha sido metade adiantado) e que dia 13 de fevereiro lhes pagariam o total do salário de janeiro.
Mas isso não chegou a acontecer. Então, seguindo indicações do advogado, não foram trabalhar e, desde aquele dia, que estão “sem sequer uma resposta dele”.
A representante destas trabalhadoras garantiu que estas “querem trabalhar”. “Fartam-se de salientar que a gente quer fechar a fábrica, mas a gente quer trabalhar, queremos é receber o que é nosso”, disse.
No fundo, querem o dinheiro que lhes é “devido” e uma resposta por parte da entidade patronal, a quem pedem “coração” e que “pense que há pessoas que estão sozinhas e não têm capacidade de levar uma vida com 500 euros ao fim do mês”.