21 novembro 2024, 12:19
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    Arnaldo Antunes foi o primeiro autor brasileiro homenageado no Escritaria e deixou uma grande marca na cidade de Penafiel

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    O Festival Literário Escritaria 2024, que entre os dias 21 e 27 de outubro, em Penafiel, homenageou o músico e escritor brasileiro Arnaldo Antunes, durante uma semana. A cidade “vestiu-se” do artista e viveu intensamente uma semana dedicada às artes literárias.

    Sendo esta a 17ª vez que acontece o festival, este ano tem um “gosto especial”, já que o recentemente inaugurado Ponto C, foi a base das apresentações culturais que decorreram durante toda a semana.

    Nesse seguimento, todos os dias da semana o Ponto C acolheu algum espetáculo, que faz jus à homenagem a Arnaldo Antunes. Algumas das iniciativas também decorreram por toda a cidade penafidelense.

    Arnaldo Antunes é o primeiro escritor brasileiro a ser homenageado no Escritaria e, segundo afirmou Antonino de Sousa, o presidente da Câmara Municipal de Penafiel, “este festival não poderia acontecer, em 17 anos, sem que, pelo menos um, não homenageasse o português do Brasil”.

    O próprio Arnaldo Antunes afirmou considerar o festival Escritaria “um exemplo de integração dos países da lusofonia, graças à língua comum”.

    “O que se está fazendo aqui mostra que há um bom caminho, que há caminhos de integração, através do uso da linguagem comum”, afirmou aos jornalistas.

    Conversa-Concerto com Marisa Monte encheu o Ponto C

    Na noite do dia 24 de novembro o Ponto C recebeu a “Conversa-Concerto” com Marisa Monte, que tinha como mote “Eu não sou difícil de ler”. Numa conversa que encantou todos os presentes, a artistas contou com a presença de Dadi Carvalho, que a acompanhou na guitarra.

    Além disso, a conversa foi moderada por Tito Couto e Valter Hugo Mãe. Numa mistura entre o português de Portugal e o português do Brasil, foram discutidos vários temas que dizem respeito à música, arte e à própria vida de Marisa Monte. Na plateia estava presente o homenageado do Escritaria deste ano, Arnaldo Antunes, que subiu ao palco e recitou uma poesia ao som da música de Marisa Monte. Recorde-se que os dois são colegas e amigos de muitos anos e que se uniram no projeto “Tribalistas”, com o também músico Carlinhos Brown.

    Na plateia estava, ainda, a artista Adriana Calcanhotto, que atuou no dia seguinte com o homenageado do ano, e a cantora portuguesa Márcia, que tinha atuado no dia anterior.

    Inauguração do Bosque do Escritaria “apresentou” ao público a frase do ano, da autoria de Arnaldo Antunes

    Na manhã do dia 25 de outubro, foi inaugurado o Bosque do Escritaria, uma inovação apresentada a todos este ano. Segundo explicou Antonino de Sousa, para além das icónicas esculturas que se espalham pela cidade com o rosto dos 17 homenageados, agora, cada um deles tem uma árvore que os representa no Bosque do Escritaria, que se localiza no Jardim do Sameiro.

    No que toca a Arnado Antunes, o mesmo enfatizou ter “escolhido um castanheiro” para ser a sua árvore, por “recordar como uma boa lembrança as vezes em que comeu castanhas assadas nas ruas de Portugal”.

    Falando após a inauguração de uma silhueta e uma peça escultória com uma frase sua no Parque do Sameiro, o autor disse que no evento tem sentido “o vínculo do Brasil com Portugal e com África”, acentuando que a língua “proporciona uma convivência muito mais íntima do que com países onde não se fala português”.

    O festival Escritaria, ao longo dos anos, tem homenageado escritores de língua portuguesa, incluindo africanos, como Pepetela (2018), Germano Almeida (2021) e Mia Couto (2011).

    “Há algo que nos une, que é a língua. É um diálogo que a língua proporciona. Estou muito contente por o Brasil também estar presente”, reforçou Arnaldo Antunes.

    Referindo-se à sua escultura, Arnaldo Antunes diz: “Sinto muita emoção na inauguração da arte pública, do meu rosto, da minha frase. Eu adorei essa escultura, com a leitura circular”, comentou, referindo-se à peça em granito, elaborada por José Melo, com a frase de Arnaldo Antunes: “Não há sol a sós”. A sua silhueta foi realizada pelo escultor Ricardo Crista.

    Arnaldo Antunes destacou, por outro lado, o envolvimento da comunidade local na dinâmica do festival literário.

    “Aqui tenho vivido coisas muito intensas, convivendo aqui na cidade, com essa população linda”, anotou, assumindo-se “muito emocionado”.

    “O envolvimento da comunidade é uma coisa que me emociona muito. A integração da comunidade com o Escritaria é uma coisa que a gente sente, que tem uma convivência amorosa com este evento que já existe há 17 anos”, exclamou.

    Ao longo das diferentes edições, o festival literário de Penafiel já homenageou Urbano Tavares Rodrigues, José Saramago, Agustina Bessa-Luís, Mia Couto, António Lobo Antunes, Mário de Carvalho, Lídia Jorge, Mário Cláudio, Alice Vieira, Miguel Sousa Tavares, Pepetela, Manuel Alegre, Mário Zambujal, Germano Almeida, Ana Luísa Amaral e Miguel Esteves Cardoso.

    Escritaria está “a um pé” de chegar a Maputo

    No seguimento do Escritaria deste ano, e em conversa com Antonino de Sousa, o presidente referiu que prevê que uma réplica do Festival literário Escritaria se possa realizar numa data até ao final do ano, na capital de Moçambique, Maputo, dedicada ao escritor local Mia Couto.

    “Será uma espécie de réplica possível daquilo que aconteceu por cá, para mostrar a homenagem que aqui fizemos. Isso é muito gratificante para o homenageado e para os seus amigos, vizinhos e familiares, porque ficam muito sensibilizados”, disse o autarca.

    “Agora queremos levar o Escritaria a Maputo, à Fundação Mia Couto”, referiu, recordando que se pretende dar continuidade à itinerância do festival por países lusófonos, como já aconteceu em Angola e Cabo Verde.

    “Temos dado esta dimensão internacional ao nosso festival literário. Eu diria mesmo que é o único festival literário que se faz e que tem esta dimensão internacional”, destacou Antonino de Sousa.

    Em Angola (Benguela, Luanda e outras cidades), no início de 2023, replicou-se o que aconteceu em Penafiel na edição de 2018, quando foi homenageado o escritor Pepetela.

    “Foi muito positivo vermos que, através do Escritaria, os próprios angolanos tiveram a oportunidade de conhecer melhor a obra de um escritor angolano”, comentou o presidente da câmara.

    Em Cabo Verde, em novembro do ano passado, aconteceu a réplica do Escritaria de 2021, com a homenagem ao escritor local Germano Almeida.

    Festival Literário alcança “a maioridade” em 2026

    Quando questionado sobre o que o festival reserva para o próximo ano, o presidente Antonino de Sousa referiu que, “em 2026, o Escritaria atinge a maioridade”, ou seja, completa 18 anos, e que, apesar de ainda não haver uma certeza sobre quem será o próximo homenageado, o autarca quer que essa seja “uma edição muito especial, até porque, provavelmente, será a última sob orientação do seu executivo.

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