21 novembro 2024, 07:26
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    InícioReportagemDoação de sangue: Uma gota que pode salvar vidas

    Doação de sangue: Uma gota que pode salvar vidas

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    A doação de sangue é um ato altruísta fundamental para o sistema de saúde, especialmente em países como Portugal, onde as necessidades de transfusões são constantes.

    Em Portugal, a doação de sangue é coordenada principalmente pelo Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST). O nosso país apresenta uma taxa de doadores que, embora suficiente em algumas épocas do ano, enfrenta desafios em períodos de férias e festividades, quando as doações tendem a diminuir.

    Neste momento, mês novembro de 2024, o IPST alertou a todos os cidadãos para o facto de “as reservas de sangue estarem abaixo do que é desejável, sobretudo para “A positivo” (A+), “A negativo” (A-), “O positivo” (O+) e “O negativo” (O-).”

    As doações têm sido instáveis desde o início do ano e é no grupo dos dadores entre os 25 e os 44 anos que mais têm baixado, mas também nos mais novos.

    Muitos acreditam que o facto de as reservas de sangue estarem tão baixas resume-se a uma série de dúvidas e receios por parte dos possíveis dadores. Com esta reportagem, o Terras do Vale do Sousa (TVS) pretende incentivar à dádiva de sangue e, ainda, esclarecer alguns mitos que se levantam sobre o tema.

    Quem pode doar sangue?

    Em primeiro lugar, é imprescindível saber quem pode doar sangue. De acordo com o IPST, os critérios para a doação de sangue em Portugal incluem uma idade entre 18 e 65 anos, o peso mínimo de 50 kg, uma boa saúde geral e ausência de doenças transmissíveis.

    Além disso, os potenciais dadores devem responder a um questionário de triagem para garantir que a doação não coloca em risco a saúde do recetor ou do próprio doador.

    Como se desenvolve o processo de doação?

    O processo de doação é simples e seguro, começa pelo registo, onde o dador preenche um formulário com dados pessoais e responde a perguntas sobre sua saúde. Inclui a triagem, onde um profissional de saúde avalia a elegibilidade do dador. Segue-se o momento “mais temido”, a coleta, que dura cerca de 10 a 15 minutos. O sangue é coletado através de uma punção no braço. Apesar de muitos se mostrarem receosos no que toca às agulhas da doação de sangue, o facto de estas serem “muito grossas e assustadoras” é apenas um mito.

    Por fim, dá-se o processo de recuperação, onde após a doação, o dador deve repousar e ingerir líquidos para recuperar-se. Refira-se até, que todos os locais de coleta de sangue oferecerem a todos os dadores um delicioso e equilibrado lanche de modo a manter a boa saúde.

    Quais são os impactos e os benefícios da dádiva?

    A doação de sangue salva vidas, sendo essencial para cirurgias, tratamentos de cancro, acidentes e condições médicas crônicas. Cada doação pode beneficiar até três pessoas, dependendo dos componentes do sangue extraídos como glóbulos vermelhos, plaquetas e plasma.

    Para incentivar a doação, várias campanhas são realizadas ao longo do ano. O IPST e diversas associações promovem eventos, parcerias com escolas e empresas, e campanhas nas redes sociais. Frases como “Um gesto que salva vidas” são comuns, buscando mobilizar a população.

    Desafios e oportunidades da dádiva

    Apesar do esforço, os desafios permanecem. A hesitação de algumas pessoas em doar, o medo de agulhas e a falta de informação são barreiras a serem superadas. A promoção de uma cultura de solidariedade e o reforço do reconhecimento social dos dadores são fundamentais para aumentar as taxas de doação.

    Muitos dadores compartilham as suas experiências positivas, enfatizando o sentimento de satisfação e a importância de ajudar o próximo. “Doar sangue é um ato simples que pode fazer a diferença na vida de alguém. Todos deveriam considerar fazer isso”, afirma ao TVS José Leitão, um dador habitual.

    O testemunho dos dadores

    José Leitão

    O TVS teve a oportunidade de abordar alguns dadores de sangue que costumam estar presentes nas campanhas que acontecem pelo Vale do Sousa. Começamos por abordar José Leitão, de 34 anos, o qual afirmou que, “há cerca de cinco anos, comecei a doar sangue regularmente. A primeira vez que fui, confesso que estava um pouco nervoso. O processo parecia desconhecido e eu tinha algumas dúvidas. No entanto, fui muito bem acolhido pela equipa do centro de sangue. Eles explicaram tudo, detalhadamente, o que me deixou mais tranquilo. O que me motivou a doar foi a ideia de que um ato tão simples poderia salvar vidas. Ao longo desses anos, tenho doado sempre que posso. Cada vez que saio do centro de sangue, sinto uma grande satisfação. É um momento em que sei que estou a fazer algo importante, algo que pode ajudar pessoas em situações difíceis.

    Recebi mensagens de agradecimento de hospitais, o que me tocou profundamente. Não conheço as pessoas que ajudei, mas saber que meu sangue pode ter feito a diferença na vida delas é incrível. Também notei que as pessoas ao meu redor começaram a se interessar mais pela doação. Alguns amigos até me acompanham nas doações.

    Além de salvar vidas, a doação me trouxe uma nova perspetiva sobre solidariedade e comunidade. É uma maneira de retribuir e de lembrar que estamos todos interligados. Para quem está em dúvida se deve doar, eu diria: não hesite. É um gesto simples, mas poderoso. Se todos fizessem isso, o mundo seria um lugar melhor.”

    Ana Martins

    A enfermeira Ana Martins, de 29 anos, fez questão de contar um pouco da sua experiência. “Sou enfermeira há cinco anos, e sou também dadora de sangue. Desde que comecei a trabalhar no hospital, percebi a importância crítica das transfusões e como o sangue é um recurso vital para muitos pacientes. Isso me motivou a ser dadora, pois queria contribuir diretamente para o bem-estar dos outros. A minha primeira doação foi uma experiência reveladora. Eu já tinha conhecimento do processo por causa da minha profissão, mas viver na pele foi diferente. A equipa que me acompanhou foi muito acolhedora e explicou tudo com muita paciência, o que ajudou a acalmar os meus nervos. Doar sangue não só me faz sentir que estou a fazer a diferença, mas também me conecta a uma rede maior de solidariedade. Eu sempre incentivo os meus colegas e amigos a fazer o mesmo. No hospital, vejo o impacto das transfusões diariamente, e isso reforça a minha convicção de que cada gota conta. Além disso, percebo que a doação é uma forma de cuidar da saúde pública. Em momentos de escassez, como durante o verão ou feriados, é fundamental que todos se mobilizem. A doação é um gesto simples que pode salvar vidas, e como enfermeira, sei bem o quanto isso pode mudar a trajetória de um paciente. Se está a pensar em doar, eu encorajo totalmente! É uma experiência que vale a pena e que, a cada vez, me faz sentir parte de algo maior. Ajudar o próximo é uma das melhores sensações que podemos ter”, termina.

    Os benefícios para quem ajuda

    Além de tudo isto, os dadores de sangue em Portugal podem usufruir de diversos benefícios, que vão além da satisfação de ajudar o próximo. De acordo com uma pesquisa realizada pelo TVS, estes são alguns dos benefícios:

     Exames de saúde: Cada vez que uma pessoa doa sangue, é realizado um conjunto de testes para verificar a saúde do dador. Isso inclui a análise de níveis de hemoglobina e testes para doenças infeciosas, proporcionando um check-up gratuito.

    Recompensas simbólicas: Os dadores podem receber pequenos brindes, como camisolas, canecas ou outros objetos, como forma de agradecimento pelo seu gesto altruísta.

    Isenção de trabalho: Os dadores têm direito a um dia de dispensa do trabalho, sem perda de remuneração, para realizar a doação. Isso facilita a participação de pessoas que, de outra forma, poderiam ter dificuldades em encontrar tempo para doar.

     Prioridade em cuidados de saúde: Em algumas situações, os dadores de sangue podem ter prioridade no acesso a determinados serviços de saúde, embora isso possa variar conforme a instituição.

     Impacto positivo na saúde mental: Doar sangue proporciona uma sensação de satisfação e realização, promovendo bem-estar emocional e contribuindo para a autoestima, já que é um ato de solidariedade.

    Compromisso com a comunidade: Os dadores se tornam parte de uma rede de voluntários que contribuem para a saúde pública, fortalecendo o senso de comunidade e responsabilidade social.

    Possibilidade de registo para medula óssea: Numa inscrição como dador de sangue, as pessoas também têm a oportunidade de se registrar como dadores de medula óssea, aumentando ainda mais o seu potencial de ajudar vidas.

    Esses benefícios ajudam a incentivar a doação de sangue e a valorizar o papel fundamental que os dadores desempenham na sociedade.

    A doação de sangue em Portugal é uma prática vital que depende da solidariedade da população. Com campanhas eficazes e um maior envolvimento da sociedade, é possível garantir que os hospitais tenham sempre sangue disponível para aqueles que necessitam. É um lembrete de que, juntos, podemos salvar vidas.

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