O médico pneumologista Hélder Bastos Novais é um dos lousadenses de destaque, no momento. É “lousadense de casamento”, adotando a vila como sua. Tem 39 anos, nasceu em Braga e foi estudar para a Universidade Nova de Lisboa, na altura Faculdade de Ciências Médicas, atualmente Nova Medical School.
Na faculdade conheceu a esposa, lousadense, natural da freguesia do Torno, na Aparecida, que é médica de família no Marco de Canaveses. Conta que ambos regressaram para o norte em anos diferentes e que, já com uma relação estável, ainda estiveram cerca de um ano a morar separados. Depois, o médico começou a tirar a especialidade da sua vida no Hospital de São João, no Porto, ficando a residir na cidade invicta.
“Vivemos em Lisboa, depois no Porto e acabamos por voltar para Lousada”
Deu-se o casamento de Hélder e a esposa, que residiram na cidade do Porto durante seis anos. Têm duas meninas, Sara de 10 anos, e Sofia de 7, ao que se mudaram para terras lousadenses com o nascimento da pequena Sofia.
Ao longo dos anos tivemos várias mudanças de vida. “Vivemos em Lisboa, depois no Porto e acabamos por voltar para Lousada, a pequena vila mais no interior”, explica o especialista. Apesar de o doutor Hélder continuar a trabalhar no Porto, conta que a mudança para a Aparecida foi “fundamental” no apoio do crescimento e na educação das duas filhas.
O médico explica que, com duas crianças, a logística na vida de dois médicos, que por vezes trabalham “noite e dia”, não seria fácil, e que, por isso, a mudança para Lousada foi, de facto, uma mais valia. O “apoio dos sogros”, que acolhiam as netas em casa nos primeiros anos de vida, e a “escola da Aparecida” deram à família um bem-estar “impagável”. O ambiente familiar agradável e saudável para o crescimento das meninas é o que mais os leva a ficar em Lousada.
O médico afirma, ainda, que as duas filhas têm um grande sentimento de pertença à comunidade lousadense, participando nas várias iniciativas propostas.
“Não sou lousadense de gema porque não nasci cá, mas cada vez mais me sinto parte da comunidade”
Quanto a si, Hélder Bastos Novais confessa que “se habituou” fazer a viagem entre a Aparecida e o Hospital do São João, que pode levar entre meia hora, até mais de uma hora. “Lá me fui habituando em morar em Lousada e trabalhar no Porto. Esta é a minha realidade e o melhor para a minha família”, explica.
“Adotei Lousada como minha. Foi uma vila que me acolheu, onde eu me sinto bem e onde gosto de estar!”, afirma o médico.
Médico Hélder Bastos Novais já foi indicado a vários prémios
O médico pneumologista no Hospital de São João já foi indicado a vários prémios, o que indica que foram “oportunidades que foram surgindo”. Aborda que é necessário “convencer quem está a avaliar de quais são as consequências do projeto que estamos a desenvolver. Ao iniciar um projeto e ao desenvolvê-lo tento ter sempre uma linha de raciocínio que me permita ver quais são as consequências do mesmo, mantendo um fluxo condutor. Acredito que sempre tive essa facilidade e, por isso, também fui indicado a alguns prémios”.
“Recebi o meu primeiro prémio quando ainda era estudante. Estava relacionado ao cancro na tireoide, algo com o qual, hoje em dia, não tenho nada a ver. No entanto, já na altura, foram-me dadas boas ferramentas. Lembro-me que pedi ao meu professor de genética para me ensinar a investigar. Foi algo que sempre me fascinou. No final do meu sexto ano de curso recebi, então, o meu primeiro prémio, que trouxe também um prémio monetário. Dessa apresentação surgiu, ainda, o primeiro artigo científico que eu tenho”, conta o médico.
Já depois do ano comum, que todos os médicos têm de fazer, o doutor começou a especialização em pneumologia, no Hospital de São João, e, simultaneamente, dava aulas na Escola de Medicina, na Universidade do Minho, onde também começou o percurso de doutoramento. Nestes anos foi também agraciado com alguns prémios, maioritariamente entregues pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia e, ainda, outros pela CUF.
Em 2020, na época de pandemia, o doutor Hélder continuou a trabalhar, como todos os médicos. No entanto, como foi uma altura onde não tinha “espaço” para trabalhar muito fora do hospital, considerou que seria uma boa altura para realizar o primeiro projeto como investigador principal.
Nesse mesmo ano a Fundação para a Ciência e Tecnologia atribuiu-lhe dois prémios importantes, já com financiamento. Nomeadamente um de 250 mil euros, e ainda a Bolsa D. Manuel de Melo, do mesmo valor. Com este apoio o médico realizou vários estudos, todos ligados às doenças pulmonares, onde criou o primeiro Bio Banco deste género em Portugal, que é também um dos maiores da Europa.
Aborda ainda o ano de 2016, onde o médico estava a terminar a especialidade e o doutoramento, e em que foi indicado como um dos 30 médicos mais promissores na próxima década, sendo o indicado na área da pneumologia.
“Esta foi também uma altura fundamental na definição da minha carreira, onde pensei em abandonar totalmente, ou parcialmente, a clínica e dedicar-me à vida académica. No entanto, decidi ser clínico a tempo inteiro e professor e investigador a tempo parcial”, explica.
“Ser médico é um percurso em zig zag que se vai afunilando”
Para não falar da mudança entre cidades, a carreira como médico é caracterizada por Hélder Bastos Novais como um “percurso em zig zag”. Explica que começou por “explorar o cancro da tireoide, depois doutorou-se em tuberculose e, hoje em dia, aborda a fibrose pulmonar”. É também o coordenador da área da pneumologia no São João.
Agora com o “zig zag” que se vai “afunilando”, a carreira médica do lousadense está a fluir para um futuro mais específico.
“Apesar de o mundo hospitalar ser muito estimulante, é também muito desgastante. Podemos ver que a exigência na rotina de um médico no hospital é muito exigente e muito veloz. As pessoas têm cada vez mais doenças crónicas e estão cada vez mais atentas a possíveis sintomas, o que é bom e exigente para a medicina”.
A dinâmica de uma família de médicos com duas filhas: “Mudar-me para Lousada foi uma das melhores decisões da minha vida”
Hélder Bastos Novais refere que a dinâmica familiar, numa família com dois médicos e duas filhas, nem sempre é fácil. Explica que a esposa não trabalhar durante a noite, ao contrário do próprio, e quando se trata de fins de semana, o casal tenta alternar para dar o melhor acompanhamento às filhas. O planeamento, a paciência e o esforço são “o segredo” para o bom funcionamento de todo um núcleo familiar. O apoio imprescindível da família é algo que não deixa de realçar.
“Mudar-me para Lousada foi uma das melhores decisões da minha vida”, afirma o pneumologista. Não sabe se será um local onde viverá para sempre, no entanto, confirma que neste momento da sua vida, esta foi a melhor opção para permitir uma vida familiar e profissional harmoniosa.
No futuro, o médico pensa maioritariamente nas filhas, já que o futuro de um pai passa sempre por elas. Deseja que estas sejam felizes e almeja puder ajudar as pequenas para que sejam felizes e alcancem tudo o que desejam na vida. A nível profissional, Hélder Bastos Novais deseja, ainda, “abrandar o ritmo” e “colher os frutos daquilo que tem semeado”. Trabalhar com mais eficiência e com qualidade, mas com menos esforço e menos desgaste.