Castelo de Paiva é rica em tradições e o bairrismo que se faz sentir é uma manifestação viva de orgulho e pertencimento de cada um dos habitantes à sua terra. A pequena vila, que pertence ao distrito de Aveiro, estende-se desde os limites de Arouca até ao rio Douro, depois de fronteiras penafidelenses é marcada por uma forte identidade coletiva que se reflete na valorização da sua cultura e património.
Os paivenses, como povo identitário que são, têm um profundo respeito pela história do concelho, que ao longo dos anos foi moldada por eventos marcantes.
Apesar da terra ser marcada pelo trágico desastre da ponte Hintze Ribeiro, onde se perderam 59 vidas, este acontecimento aumentou, ainda mais, o sentimento de pertença de todos aqueles que fazem parte da vila.
Castelo de Paiva está marcada por uma rica herança cultural que inclui festividades locais, como a Feira do Vinho Verde e a Festa de São João, que são as mais conhecidas, mas também muitas outras.
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O bairrismo em Castelo de Paiva também se traduz da dedicação à preservação das suas paisagens naturais, onde o rio Douro e as serras circundantes oferecem um cenário de rara beleza. A população local sente-se responsável por proteger e promover estes recursos, incentivando o turismo sustentável e mantendo vivas as tradições agrícolas e vinícolas que são parte essencial da economia da região.
Além disso, os paivenses têm um forte sentido de comunidade, expressado em iniciativas locais e no apoio mútuo entre os habitantes. Este espírito comunitário é evidente na forma como as pessoas se unem em momentos de adversidade, mas também nas celebrações e na partilha de conquistas coletivas. O bairrismo em Castelo de Paiva não é apenas uma expressão de orgulho, mas também de solidariedade e união, que fortalece os laços entre os seus habitantes e assegura a preservação da identidade local para as futuras gerações.
De modo a compreender como é que os paivenses se sentem, no que toca ao seu bairrismo, o Terras do Vale do Sousa (TVS) teve a oportunidade de falar com alguns habitantes que ainda estão intrinsecamente ligados às raízes da sua terra, não tendo ninguém melhor para falar do que os próprios.
O bairrismo dos paivenses “tem garra”
Fátima Silva, de 52 anos, é paivense de gema. Participa “praticamente todos os anos” nas marchas da sua freguesia, as marchas de São Lourenço, e afirmou ao TVS: “Castelo de Paiva vive muitas festas e romarias , acho que a participação de todos nós, seja que maneira for, ajuda a manter vivas as tradições e retomar até algumas delas de anos atrás. É bonito, divertido e enriquecedor participar e viver tudo isto”.
Fernando Moreira tem 54 anos e concorda com a conterrânea, não deixa de dizer que “participar nas festas é importantíssimo para manter as tradições. É lindo, é bonito e a rivalidade entre as marchas é saudável, dá vida às freguesias. Adoro participar todos os anos nas festas e no cortejo!”.
Andreia Silva é uma jovem de 24 anos. Apesar de nova, fica satisfeita em saber que existem meninos e meninas “muito mais novos” do que ela a participarem nas marchas de toda a vila.
“Desde pequena que sempre vivi as tradições das festas em Castelo de Paiva, e embora uns anos mais presente e outros nem tanto, considero que dinamizar e participar nas festas é uma maneira de fazer com que as tradições não acabem e que a cultura continue. Sou muito de tradições e de participar, acho que cada vez mais os jovens percebem a importância disso! É bom preservar o bairrismo e as tradições das nossas gentes”, diz a jovem com extremo orgulho.
Vera Silva é também natural de Castelo de Paiva, tem 30 anos e não deixa de se fazer presente na festa e nas tradições da freguesia. “Tem de haver alguém a dinamizar as festas, com gosto por tudo isto, por todas as festas, dá-nos vontade ano após ano de fazer mais. Eu digo sempre que sou bairrista no verdadeiro sentido da palavra, porque participo e faço tudo por gosto. O maior reconhecimento para mim é ver a união e a alegria das pessoas nos dias de festas, por exemplo, nas marchas e nos cortejos, é sempre gratificante. E ver como todos os anos a vontade de participar cada vez é maior, com malta mais jovem a aderir”, são as palavras de Vera.
O que o bairrismo nos jovens de Castelo de Paiva tem de especial?
O bairrismo nos jovens de Castelo de Paiva tem características especiais que refletem um equilíbrio entre a valorização das tradições locais e a abertura às influências contemporâneas. Os jovens paivenses demonstram um orgulho genuíno pela sua terra, mas fazem-no de uma forma que incorpora as aspirações e desafios da sua geração.
Em primeiro lugar, o bairrismo dos jovens é notável pelo modo como eles se envolvem na preservação e revitalização das tradições culturais e festivas do concelho. Muitos participam ativamente na organização de eventos locais, como as festas populares e feiras, garantindo que as práticas culturais sejam transmitidas e adaptadas às novas gerações. Eles não apenas perpetuam essas tradições, mas também trazem inovação, incorporando elementos modernos, como música, arte e tecnologia, que tornam as festividades mais atrativas para outros jovens e visitantes.
“É um orgulho ver que as marchas de Castelo de Paiva têm tantos jovens a participar. Não só crianças, mas principalmente adolescentes e jovens adultos”, que agarram o bairrismo com força e não o deixam fugir entre gerações, completa João Limões, de 20 anos.
Além disso, os jovens de Castelo de Paiva têm uma forte ligação com o meio ambiente local, demonstrando um profundo respeito pelas paisagens naturais que caracterizam a região. Essa consciência ambiental está intimamente ligada ao seu bairrismo, com muitos envolvidos em projetos de preservação e em iniciativas de turismo sustentável que buscam valorizar o território de maneira responsável.
Um outro especial do bairrismo entre os jovens é a forma como eles promovem Castelo de Paiva nas redes sociais e em plataformas digitais. Orgulhosos das suas origens, utilizam estas ferramentas para partilhar a beleza e a singularidade da sua terra com o mundo, criando uma imagem positiva e atraente do concelho. Isso não só ajuda a aumentar a visibilidade de Castelo de Paiva como destino turístico, mas também fortalece o sentido de identidade entre os jovens, que se conectam entre si e com a sua terra através de novas formas de comunicação.
Por fim, o bairrismo dos jovens paivenses é também marcado por um forte sentido de comunidade e solidariedade. Eles crescem num ambiente onde o apoio mútuo é valorizado, e isso reflete-se no seu empenho em ajudar o próximo.
Em geral, o bairrismo está presente em todos os paivenses e Castelo de Paiva é especial pela forma como combina a tradição com a modernidade, o orgulho local com a abertura ao mundo e a identidade individual com um forte senso de comunidade.