20 abril 2025, 13:39
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    Professores do Vale do Sousa passam das salas de aulas para os palcos

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    Os “ProfeTrolls” são um grupo de teatro composto por docentes, cuja união se prende, principalmente, com o amor que nutrem pela arte dramática.
    “Gostamos de ver teatro, de conhecer e de estudar textos de teatro e também apreciamos bastante dramatizar esses textos em palco”, conta Pedro Araújo, um dos professores pertencentes ao grupo.
    O projeto “ProfeTrolls” surgiu, há vários anos, na Escola Secundária de Felgueiras, onde, explica Pedro Araújo, alguns dos docentes se conheceram e fizeram algumas encenações. “Entretanto, fomos circulando por diferentes escolas e fomos conhecendo outros professores e professoras com o mesmo gosto pelo teatro. No verão passado, decidimos reunir toda esta gente numa associação. O nome da associação é da autoria do professor César Coelho, docente de matemática na Escola Secundária de Lousada, e “Troll” nos tempos livres.

    O nome foi criado, inicialmente, para o grupo de teatro de docentes dessa escola, mas, como todos o achámos genial, foi adotado pela associação”.
    A associação, foi registada com o nome “ProfeTrolls – Grupo de Teatro de Docentes”, iniciou funções, formalmente, em outubro de 2023 e tem como principal objetivo “dinamizar encenações para o público escolar, nomeadamente, a partir dos textos de leitura obrigatória na disciplina de português”, explica o docente. Acrescentando que, há outros objetivos. “Por exemplo, é para nós evidente que há ganhos pedagógicos significativos por parte dos alunos que assistem às nossas encenações. Isto é, esses alunos conseguem perceber melhor os textos, ganham motivação para o estudo das obras encenadas e ficam com muita mais informação sobre as mesmas, o que não conseguiriam obter apenas com a leitura e interpretação em sala de aula. Isto acontece nas nossas encenações, porque nós temos como regra fundamental de trabalho respeitar ao máximo os textos originais. Para além disso, oferecer uma sessão de teatro aos alunos das nossas escolas é oferecer-lhes uma oportunidade que muitos só conseguem através das escolas. Por isso, estamos, ao mesmo tempo, a criar público para teatro no futuro e a semear cultura nos nossos jovens”, explana Pedro Araújo.

    Docentes de português, mas não só…

    O grupo é constituído por professores que lecionam, maioritariamente, nas escolas da região do Vale do Sousa, nomeadamente, na Escola Secundária de Lousada, Penafiel, Paços de Ferreira e Felgueiras. Todos estes professores têm participado, nos últimos dez anos, em encenações de textos dramáticos que pertencem aos programas curriculares da disciplina de Português e, a partir dessas experiências, quiseram lançar-se nesta aventura mais a sério e mais estruturada, embora as atuais encenações continuem a ser pensadas para o público escolar e baseadas nas obras de leitura obrigatória nas escolas. O docente lousadense defende que “a variedade de professores de português no grupo acrescenta conhecimento e responsabilidade em relação os textos que estamos a encenar, mas também há professores de história, matemática, informática, inglês, artes dramáticas, entre outras disciplinas”. A equipa multidisciplinar proporciona momentos de partilha, conhecimento e de experiências, pessoais e profissionais, a todos os “ProfeTrolls”.
    Os professores apresentam a Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, para alunos de 10º ano. Pedro Araújo esclarece que trata-se da “peça de estreia e esteve em cena até ao final de fevereiro. A primeira apresentação foi na Escola Secundária de Felgueiras, mas, entretanto, já a representámos para a Escola Secundária de Penafiel, em Celorico de Basto, Guimarães e Cabeceiras de Basto”. Mas, as encenações, não ficaram por aqui. “Ainda este ano letivo, em abril e maio, fizeram a apresentação de uma encenação baseada na obra Os Maias, de Eça de Queirós. Esta encenação teve como público-alvo os alunos de 11º ano. As datas quase todas foram preenchidas, havendo apenas duas ou três disponíveis para as escolas que ainda queiram oferecer esta oportunidade aos seus alunos”, conta o professor residente em Lousada. Revelando ainda que, “no próximo ano letivo, vamos continuar a disponibilizar às escolas estas duas encenações, mas iremos também preparar uma terceira encenação, desta feita, destinada aos alunos de 12º ano. Será uma encenação estruturada a partir do Memorial do Convento, de José Saramago, outra obra de leitura obrigatória na disciplina de Português e com enorme potencial dramático”.
    Alunos mais novos poderão ser contemplados

    Atualmente, as encenações dos “ProfeTrolls” dirigem-se a alunos do ensino secundário, mas, Pedro Araújo assume que, “a longo prazo, a aposta deverá passar, eventualmente, por encenações destinadas aos alunos mais novos, isto é, alunos do 1º ciclo, alunos do 2º ciclo e alunos do 3º ciclo”.
    Apesar da boa estrutura, o futuro ainda é incerto e sempre com as decisões tomadas pelos órgãos sociais do grupo. Apesar disso, Pedro Araújo “arrisca adiantar um objetivo: alargar bastante o número de docentes envolvidos, de forma a assegurar que os alunos da nossa região conseguirão, a médio e a longo prazo, assistir nos concelhos de residência a encenações de qualidade que, ao mesmo tempo, sejam uma mais-valia para o percurso escolar. Para além do mais, isso representaria também uma poupança de muitos milhares de euros para as famílias desses alunos, já que as mesmas gastam, por ano, imenso dinheiro para que possam ir ao Porto ou até a cidades mais distantes para assistirem a essas encenações. Pode, portanto, haver vantagens consideráveis para a região, a todos os níveis, se conseguirmos uma estrutura que ofereça teatro pedagógico de qualidade aos milhares de jovens que aqui vivem e estudam”, conclui.

    Feedback dos alunos
    “O feedback dos alunos que já assistiram à Farsa de Inês Pereira tem sido extremamente positivo. Têm referido como mais-valias os ganhos pedagógicos que conseguem quando assistem a esta encenação e sublinham, por norma, como aspetos muito positivos da nossa encenação a interação com o público e a execução de música ao vivo. Na verdade, há vários momentos de interação dos atores e atrizes com o público e há músicas originais, interpretadas ao vivo, que vão surpreendendo todos aqueles que assistem a esta encenação. Como é evidente, este tipo de reação dos alunos, bem como os prolongados aplausos no final de cada atuação, são uma energia muito positiva que nós agradecemos e que nos ajuda imenso a ultrapassar os momentos mais complicados. A verdade é que somos uma companhia de teatro composta por professores e professoras no ativo, com horários muito desencontrados, o que causa dificuldades de toda a espécie e nos obriga a procurar soluções, muitas vezes, com custos para as nossas vidas pessoais”, conta o docente Pedro Araújo.

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