Um dia depois do aniversário da cidade de Penafiel, é a Biblioteca Municipal quem está de parabéns. Este ano, comemorou 29 anos, na passada segunda-feira, 4 de março. Para assinalar a data foi inaugurada, em pleno edifício no centro da cidade, a exposição “Uma viagem literária por Penafiel”, em colaboração com o ISCE/Douro, também no âmbito dos 254 anos de elevação a cidade de Penafiel.
Adelaide Galhardo é diretora da Biblioteca Municipal, há 28 anos, mas a ligação ao espaço é “bem mais antiga”. “A minha tia foi funcionária da antiga Biblioteca Municipal de Penafiel, nas décadas de 60 e 70, e eu lembro-me, desde pequena, de vir para aqui nas férias escolares”. A responsável máxima pelo espaço revela que “há registos da biblioteca desde os finais do século XIX. Este é um dos mais antigos projetos dentro deste âmbito. A candidatura à Rede de Leitura Pública aconteceu em finais da década de 80, portanto, pode dizer-se que a Biblioteca Municipal de Penafiel foi das primeiras a candidatar-se”.


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Com um trabalho diferenciado e com um quadro pessoal técnico, a Biblioteca Municipal de Penafiel tem todo o seu espólio informatizado, mas tem também “salas de leitura e de expressão plástica, uma ludoteca, audiovisuais, bar e um auditório, ou seja, tudo aquilo que pode proporcionar que as pessoas que venham a este espaço se sintam bem aqui dentro”, evidencia Adelaide Galhardo.
A diretora, residente em Penafiel, desde criança, conta que a comunidade penafidelense que frequenta a biblioteca “é muito variada, ao longo do ano. Por exemplo, na altura dos exames escolares, a biblioteca enche-se de alunos; nas férias escolares temos o espaço cheio com estudantes com outros níveis de ensino. Até porque temos sempre programas de férias e estamos abertos aos sábados para que a comunidade trabalhadora possa vir cá. Já as pessoas que estão reformadas, fazem-no todos os dias”.


A Biblioteca Municipal de Penafiel tem à disposição diferentes atividades. Para além da Biblioteca Itinerante, tem ainda o serviço de SABE, que se desloca às escolas, e a Maleta Mágica junto das IPSS e Centros de Dia, permitindo assim abranger todas as faixas etárias. Todos os meses, há uma também programação que dá a conhecer um escritor, da terra e não só. Também há uma variedade de exposições e festivais literários, como o Escritaria.
Servindo uma comunidade de 70 mil habitantes, a responsável pelo espaço não acredita no facto de as pessoas estarem cada vez mais afastadas da biblioteca. “Eu não acredito nisso. É preciso que a oferta atraia as pessoas, obviamente que, se a oferta não for atrativa, é normal que não os atraia”, admite.
Em abril de 2022, a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, os 11 municípios que a integram e a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) celebraram um acordo de cooperação para a constituição da Rede Intermunicipal de Bibliotecas do Douro, Tâmega e Sousa, tendo como objetivos “criar e dar continuidade à organização e gestão de projetos de intervenção e cooperação na área das bibliotecas públicas municipais; contribuir para o desenvolvimento das diferentes literacias, em especial as digitais; promover a disponibilização de recursos e a criação de serviços comuns que conduzam à promoção da identidade regional, entre outros”. O projeto ainda é recente e Adelaide Galhardo assume que “não é fácil” por se estar a falar de “realidades muito diferentes”. Ainda assim, a responsável considera que a “parceria Biblioteca, Família e Escola é fundamental”.


A Biblioteca Municipal de Penafiel chega, atualmente, aos 6 Agrupamentos do concelho de Penafiel e conta ainda com dois polos distintos, nas freguesias de Galegos e em Castelões.
Na entrevista ao Terras do Vale do Sousa, Adelaide Galhardo não deixou de enaltecer o Festival Literário Escritaria, que leva a Penafiel, anualmente, centenas de pessoas. Por outro lado, a bibliotecária lamenta o “marketing dos livros” assumindo que “é algo que me assusta bastante. A promoção que se faz a nível das grandes superfícies, em que o que interessa é o lucro e esse jogo de interesses acaba por não promover o livro nem a leitura, algo que é preciso. E é o papel das bibliotecas, dos festivais literários e dos agentes culturais. Até porque, ninguém fica indiferente quando entra numa biblioteca”.