08 dezembro 2024, 01:52
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    Inês de Barros: a atleta que alcançou um lugar de destaque nas Olimpíadas de Paris 2024

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    Inês de Barros, estudante de 23 anos, é natural de Penafiel. Talvez até há bem pouco tempo a jovem passa-se despercebida entre os adultos da sua idade, ou até mais velhos. No entanto, Inês de Barros tem uma particularidade que poucos jovens de 23 anos se podem dar ao luxo de ter.

    Neste caso, luxo é sinónimo de esforço e não de sorte. Mas a verdade é que a penafidelense, para além de estudante, é atleta. Tem já um vasto currículo no que se refere à modalidade de tiros com arma de caça, uma modalidade digamos que “pouco associada” a raparigas. Mas Inês contraria o ciclo e é campeã europeia de tiro com armas de caça.

    Inês de Barros alcançou o 8º lugar em tiro com armas de caça nas Olimpíadas de Paris de 2024

    Além disto, como se já não bastasse um destaque tão honroso, a jovem esteve presente Olimpíadas de Paris de 2024, alcançando o 8º lugar na sua modalidade.

    Assim, em entrevista ao Terras do Vale do Sousa (TVS), Inês de Barros fala do que significou para si, enquanto mulher, estar nesta posição de destaque.

    “É um sentimento de concretização e orgulho. Desde que iniciei na modalidade que um dos meus grandes objetivos era que as mulheres conseguissem alcançar os mesmos feitos que os homens”, afirma a jovem.

    A única atleta portuguesa na modalidade

    A verdade é que foi a única atleta portuguesa na modalidade de tiro com armas de caça presente nas olimpíadas. O que terá pensado sobre isso? Será que o tiro com armas de caça é um desporto em crescimento? Inês afirma que este “foi um momento agridoce, fiquei radiante por ter conseguido a vaga nos Jogos Olímpicos, mas, ao mesmo tempo, triste por ser a única e não partilhar aquele momento com algum colega”.

    Ainda assim, e apesar desta parte menos boa, a penafidelense afirma que, pelo menos, a zona do Vale do Sousa e, em especial, o município de Penafiel lhe deu o devido suporte nesta etapa tão importante da sua vida.

    “A Câmara Municipal de Penafiel tem ajudado na evolução no campo de tiro e tem-se mostrado mais ativa quanto à divulgação da modalidade. Contudo, há sempre espaço para mais e há projetos que, no futuro, espero continuar a contar com o apoio do município.

    “Raramente tenho dois dias iguais”

    Sendo a vida de estudante extremamente exigente, é necessário compreender como é que se desenrola um dia a dia enquanto atleta de tiro. A isto, Inês responde à letra e afirma que “é difícil explicar a minha rotina só com um dia, porque raramente tenho 2 dias iguais”, no entanto, desdobrando-se numa semana, afirma “tenho um horário de aulas a cumprir e aproveito os períodos livres para treinar. No norte de Portugal temos mais facilidade em treinar em campos de tiro diferentes. Habitualmente, treino no campo de tiro do Porto e de Pevidém, por serem os mais pertos de casa”.

    Como surgiu a paixão pela modalidade de tiro na vida da jovem

    “A paixão pelo tiro surgiu com o meu pai. Ele atira e participa em competições desde que eu nasci, então podemos dizer que cresci no meio deste desporto. Quando já estava quase a fazer os 14 anos (idade em que podemos fazer o exame da licença federativa) experimentei dar o primeiro tiro, a partir daí cresceu o bichinho em mim”, explica entre risos.

    As tão esperadas Olimpíadas de Paris 2024

    Inês de Barros fez, ainda, questão de contar ao TVS um pouco de como foi a experiência nas olimpíadas.  Começa por dizer: “Infelizmente, não fiquei na Aldeia Olímpica porque o campo de tiro situava-se em Chatereoux que, por sua vez, ficava a 300 Km de Paris. Em Chatereoux ficamos alojados num liceu, e confesso, fiquei surpreendida pela negativa, foi a primeira prova internacional em que tive de partilhar casa de banho e chuveiros com os restantes atletas do meu piso, e esta ainda se situava longe do quarto onde residia”, lamenta.

    Referindo-se à prova, “esta consiste em duas modalidades, o Trap e o Skeet, cada uma das modalidades tem a competição individual para homens e mulheres, e no Skeet, neste ciclo, tínhamos ainda a prova de equipas mistas. Em cada modalidade e género haviam 30 atletas, ou seja, no total tínhamos 120 atiradores em Chatereoux.

    O ambiente não diferiu muito das provas internacionais, pelo menos foi o que senti, óbvio que havia mais tensão e os atletas estavam bem mais preparados por serem os Jogos Olímpicos”, explica Inês de Barros.

    “Na minha vida esta foi, sem dúvida, uma lição de vida, nunca pensei que conseguisse alcançar o lugar que fiquei numa estreia. E foi um claro exemplo de que quando há trabalho e dedicação os resultados surgem mesmo quando menos se espera”.

    Uma mensagem a todos os aficionados pela modalidade de tiro

    “Gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer aos portugueses que estiveram a acompanhar e a torcer por mim. A todos o meu muito obrigada, e espero ter feito um bom trabalho, digno de orgulhar a nação.

    A um jovem que esteja a iniciar na modalidade, diria para se divertir, porque é um desporto cuja função é conhecer pessoas e desfrutar do momento. Vão ter muitos momentos em que a pressão está do vosso lado, mas se conseguirem abstrair disso e apenas se divertirem com o tiro, os resultados aparecem”, afirma visivelmente entusiasmada.

    Não deixa de dizer que “é sempre um orgulho enorme envergar as cores da seleção, então num evento como os Jogos Olímpicos, que é o maior palco desportivo do mundo, é um sonho tornado realidade”.

    O que é que o futuro te promete daqui em diante?

    “Espero num futuro próximo conseguir finalizar o curso e arranjar trabalho na área. A nível desportivo, espero continuar a fazer bons resultados que permitam trazer mais medalhas para Portugal, trabalhar para os Jogos Olímpicos de 2028 e conseguir completar o meu palmarés em todas as competições”, termina a atleta.

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