Os Bombeiros Voluntários de Lousada promoveram, na manhã de domingo (16), um simulacro de incêndio urbano na Zona Industrial de Lousada. O objetivo principal foi pôr à prova os chefes desta corporação, mas também desafiar os bombeiros mais novos. No total, estiveram envolvidos 43 bombeiros.
“Isto foi um exercício a nível de chefias, em que foi praticada a organização inicial dos teatros de operações, em que os primeiros veículos a chegar tomam conta da ocorrência, põem os meios a trabalho conforme puderem perante a situação, e depois vão pedindo meios de reforço”, começou por dizer José Aires, comandante dos Bombeiros Voluntários de Lousada.
Roberto Costa, chefe dos Bombeiros Voluntários de Lousada, diz mesmo que esta equipa, ao gerir a parte exterior do cenário, é “o cérebro de toda a operação”, estando a coordenar tudo o que se passa dentro do edifício, sempre em contacto via rádio com os bombeiros que lá estão, “até chegar alguém mais graduado no momento de comando”. Quando chegaram, assumiram o primeiro COS (primeiro Comandante de Operações de Socorro) e, através das plantas dos edifícios, conseguiram reunir informações, como, por exemplo, quais eram os pontos sensíveis e que haviam vítimas. A partir daí, avança o chefe, “desenvolvemos o cenário e comandamos toda a operação até envolver o número de elementos e veículos que justifica a chegada de um elemento de comando ao local para assumir”.
Sem qualquer visibilidade, com obstáculos e com vítimas a resgatar numa fábrica de estofos que estaria a arder. Foram estas as condições para as equipas que entraram no espaço. Cátia Mesquita é bombeira de segunda classe nesta corporação e confessou que foi “muito difícil” lidar com a falta de visibilidade e com o “saber que tínhamos vítimas em perigo, sendo que o nosso lema é socorrer pessoas, bens e animais”. Assim, garante, o foco “foi chegar às vítimas o mais rápido possível”, admitindo, porém, que “a própria adrenalina faz com que nós estejamos bastante ansiosos”, e isso, conjugado “com a pressão e o próprio cansaço de andar com o equipamento todo, é complicado”. “Só quem é bombeiro é que sabe a experiência que é e a gratidão que temos no fim de uma missão concluída com sucesso”, afirmou.
Para a bombeira, estes exercícios são relevantes porque “um cenário de multivítimas não acontece diariamente, e quanto mais treino tivermos melhor, pois como se costuma dizer, treino duro, combate fácil, sendo que quanto mais difícil for o treino, a excelência do socorro será melhor”.
Este exercício também foi um desafio para os bombeiros mais novos para que, tal como explicou o comandante, “eles criem também mais competências nas buscas e salvamento”. Uma delas foi Sara Lopes, de 22 anos. Está há cerca de dois anos nos Bombeiros Voluntários de Lousada e é bombeira de terceira categoria. O simulacro, para a jovem, provocou “muita emoção, nervosismo” por encarar o desconhecido, mas assume que tentou agir “sempre da forma mais correta para respeitar as ordens que nos são dadas e os chefes”.
“Nós vamos com a visibilidade tapada, e os nossos superiores informam-nos onde temos de começar as buscas, se esquerda ou direita, e depois temos de ir apalpando com as costas da mão os sítios, ir contornando as curvas e contracurvas, até encontrar alguma vítima. Aí temos de informar que a encontramos e proceder à sua extração”, conta Sara, acrescentando que fazer isto tudo é um desafio não só pelo “cansaço acumulado”, mas também por ter de “estar a ouvir muitas comunicações de vários lados”.
Depois da extração das vítimas, confirma-se que o local está evacuado e combate-se o incêndio. Os bombeiros só abandonam o local quando confirmam que está totalmente seguro para se voltar a circular lá dentro. Apesar de ser um simulacro, o comandante afirma que não é feito o debriefing no final, mas antes durante o próprio exercício, em que se faz algumas “correções” para que as “coisas corram pelo melhor”. Assim, concluiu José Aires, acabou por ser “uma simulação com um carisma de treino prático, mas didático”.